terça-feira, 18 de setembro de 2012

Mulheres Negras apontam o racismo como fator de vulnerabilidade na saúde da população negra


Quando falamos sobre saúde da população negra é necessário que as pessoas compreendam que o racismo é um fator de vulnerabilidade social e que a ausência de dados de raça/cor coloca a população negra em condições de desigualdade frente ao acesso às políticas de saúde. Essa foi uma das mensagens deixada pelas mulheres negras participantes da mesa “Racismo como fator de vulnerabilidade”, durante o megaevento de prevenção à aids, outras doenças sexualmente transmissíveis e hepatites virais da América Latina e Caribe realizado semana passada, em São Paulo. Mediada por Simone Cruz, secretária-executiva da AMNB e membro da Rede Lai Lai Apejo, a mesa foi composta por Lucia Xavier, da ONG Criola, e Jurema Werneck, do Conselho Nacional de Saúde, também integrantes da AMNB.
Para Simone Cruz – embora tenha ocorrido um significativo aumento do número de mesas discutindo sobre o tema raça e etnia no contexto da política de Aids no evento, se comparado às edições anteriores, ainda é preciso chamar a atenção para a existência do racismo e das profundas desigualdades provocadas por este fenômeno histórico no Brasil. “Os gestores públicos mais do que reconhecer a existência do racismo, precisam propor medidas para reduzir essas desigualdades”, lembra. Para ela, “o encontro trouxe o desafio de tratarmos desses temas de forma conjunta e isso fortalece a todas nós”.
Na opinião da secretária-executiva da AMNB, o objetivo de promover um espaço de dialogo entre sociedade civil, gestores públicos e a academia foi alcançado em parte. “Houve um grande numero de atividades que nem sempre permitiam esse diálogo. Em algumas mesas em que estive presente, percebi que a sociedade civil falava para si própria e essa é uma questão que deve ser revista para as futuras edições, já que este diálogo é fundamental, por exemplo, na luta contra a epidemia de AIDS”, argumenta.
Ainda segundo ela, um dos pontos positivos do encontro foi a articulação das redes negras que atuam no campo da saúde com as mulheres negras que estão vivendo com HIV/AIDS. “Foi muito importante trocarmos informações  e ficou o desafio de pensarmos outras formas de ativismo que ultrapassam as questões relacionadas  à prevenção”, afirma Cruz. Outro ponto de destaque foi o espaço dedicado aos stands (veja foto). “A ideia de expor as produções de cada movimento foi muito importante e possibilitou um ponto de encontro das redes de saúde da população negra e a articulação com outros segmentos”, informa.
Ocorrido no final de agosto, o megaevento de prevenção à Aids, outras doenças sexualmente transmissíveis e hepatites virais da América Latina e Caribe reuniu o IX Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids; o II Congresso Brasileiro de Prevenção das Hepatites Virais; o VI Fórum Latino Americano e do Caribe em HIV/Aids e DST e o V Fórum Comunitário Latino-americano e do Caribe em HIV/Aids e DST.

Por ABPN

Nenhum comentário:

Postar um comentário

REALIZAÇÃO E APOIO

REALIZAÇÃO E APOIO