Quando
falamos sobre saúde da população negra é necessário que as pessoas
compreendam que o racismo é um fator de vulnerabilidade social e que a
ausência de dados de raça/cor coloca a população negra em condições de
desigualdade frente ao acesso às políticas de saúde. Essa foi uma das
mensagens deixada pelas mulheres negras participantes da mesa “Racismo
como fator de vulnerabilidade”, durante o megaevento de prevenção à
aids, outras doenças sexualmente transmissíveis e hepatites virais da
América Latina e Caribe realizado semana passada, em São Paulo. Mediada
por Simone Cruz, secretária-executiva da AMNB e membro da Rede Lai Lai
Apejo, a mesa foi composta por Lucia Xavier, da ONG Criola, e Jurema
Werneck, do Conselho Nacional de Saúde, também integrantes da AMNB.
Para
Simone Cruz – embora tenha ocorrido um significativo aumento do número
de mesas discutindo sobre o tema raça e etnia no contexto da política
de Aids no evento –,
se comparado às edições anteriores, ainda é preciso chamar a atenção
para a existência do racismo e das profundas desigualdades provocadas
por este fenômeno histórico no Brasil. “Os gestores públicos mais do que
reconhecer a existência do racismo, precisam propor medidas para
reduzir essas desigualdades”, lembra. Para ela, “o encontro trouxe o
desafio de tratarmos desses temas de forma conjunta e isso fortalece a
todas nós”.
Na opinião da secretária-executiva da AMNB,
o objetivo de promover um espaço de dialogo entre sociedade civil,
gestores públicos e a academia foi alcançado em parte. “Houve um grande
numero de atividades que nem sempre permitiam esse diálogo. Em algumas
mesas em que estive presente, percebi que a sociedade civil falava para
si própria e essa é uma questão que deve ser revista para as futuras
edições, já que este diálogo é fundamental, por exemplo, na luta contra a
epidemia de AIDS”, argumenta.
Ainda
segundo ela, um dos pontos positivos do encontro foi a articulação das
redes negras que atuam no campo da saúde com as mulheres negras que
estão vivendo com HIV/AIDS. “Foi muito importante trocarmos informações
e ficou o desafio de pensarmos outras formas de ativismo que
ultrapassam as questões relacionadas à prevenção”, afirma Cruz.
Outro ponto de destaque foi o espaço dedicado aos stands (veja foto).
“A ideia de expor as produções de cada movimento foi muito importante e
possibilitou um ponto de encontro das redes de saúde da população negra
e a articulação com outros segmentos”, informa.
Ocorrido
no final de agosto, o megaevento de prevenção à Aids, outras doenças
sexualmente transmissíveis e hepatites virais da América Latina e
Caribe reuniu o IX Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids; o
II Congresso Brasileiro de Prevenção das Hepatites Virais; o VI Fórum
Latino Americano e do Caribe em HIV/Aids e DST e o V Fórum Comunitário
Latino-americano e do Caribe em HIV/Aids e DST.
Por ABPN
Nenhum comentário:
Postar um comentário